quarta-feira, julho 13, 2005

Acho escrever poesia um negócio muito complicado. A possibilidade de um escrito ser medíocre se triplica caso ele pretenda ser um poema.
Mas ainda assim, vez ou outra, faço pra me divertir.
Tipo essa.



Rodas pisando a estrada
E motores gritando, a vomitar fumaça.
O ar cinzento, um calor preso
E eu sem saber se chegava ou saía de casa.


Gente de olhar pertubador
A exibir sua falta de sanidade
A levantar como um troféu sua tristeza não sentida
A exercer sua condição de mártir não consentida.


Tráfego de carros que por pouco se engolem
E sorrisos plásticos elevados ao céu.
Alternativas tantas e vidas compráveis
E eu sem saber se chegava ou saía de casa.


A rua já mais calma não me convidava
E o quarto não tinha nada de mim.
O pouco que eu ali fora, ao passar do tempo
Parecia varrido, sem restar sequer nos cantos.


Palavras cortantes de melodia familiar
A talhar a carne e precisar o alvo.
O vão entre dois móveis, a escuridão fria do cômodo.
O rosto molhado e eu a descobrir
Onde é que finalmente cabiam as minhas pernas.


*Ouvindo The Verve - Lucky Man

2 Comments:

Blogger thaispimenta said...

"Gente de olhar pertubador
A exibir sua falta de sanidade"

Muito doido observar isso...
Poesia nota 10!
Sua modesta!rs.

6:44 PM

 
Blogger Unknown said...

Qual a diferença entre poesia e poema?? Desculpe a ignorância.. rsrsrs

2:57 AM

 

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