quinta-feira, junho 30, 2005

Anh?! Como?! Onde?!


http://fotosite.terra.com.br/ Portfólio de Ricardo Alcaide

olhar perdido
procurando algo
que não sabe o que é
e nem que gosto tem

coração pertubado
invadido por perguntas
ansiando respostas

e eu ali
perdida

sem saber
quando
nem onde,
muito menos o porquê.

l> fado tropical (instrumental) - chico buarque

No momento: por aí.

Novos links!

Indicado pelas "folhas" = Post Secret

Indicado pela Pimenta = Prosa Caótica

kisses!

l> the end - the doors

No momento: banana..aceita?

Fogo nas entranhas - Pedro Almodovar

Almodóvar surpreendendo, mais uma vez. Ou melhor, corroborando seu estilo, confirmando a busca pela essência, pela loucura humana. Ao fazer isso, ele não racionaliza o homem, mas tira o véu do homem pós-moderno fragmentado.

Um chinês dono de uma fábrica de absorventes íntimos que é abandonado por cinco mulheres, cada qual a seu tempo. "Diana, a orgulhosa; Mara, a cínica; Katy, a abelhuda; Lupe, a hippie; e Raimunda, a freira". Como sempre, em Almodóvar, temos personagens completas - tanto as principais quanto as secundárias. A princípio, as atitudes de cada uma são contextualizadas em uma colagem, aparentemente sem lógica, mas que funciona como justificativa inicial, até o momento em que todos se encontram.

Então, temos os absurdos almodovarianos. Temos a possibilidade de nos relacionarmos com o, considerado, bizarro e amoral. Em "Fogo nas entranhas" não há limites entre as dicotomias afetividade/racionalidade, moral/imoral, feminilidade/masculinidade. O que há é o tabu sendo humanizado e aceito.

O interessante ao ler Almodóvar, ao invés de vê-lo, é que há uma visualização do que está sendo dito. Digamos que seja uma "transcendência sensorial". Parece mesmo que estamos vendo uma das "chicas almodovarianas" como tresloucadas atrás do sexo masculino, a velhinha virgem atacando homem, Madrid em chamas, o desespero de todos, enfim, as situações tão verossímeis sempre presentes em seus filmes.

Muito bem definido no prefácio, por Regina Casé, de livrinho safado, "Fogo nas entranhas" você lê de uma só vez - e adora.

http://www.mood.com.br/literatura/8.asp

------


Então gente, esse livro "Fogo nas Entranhas" foi indicado pelo Juninho (meu vizinho e companheiro de msn), ele disse q o poema erótico q publiquei tem a ver com o livro... Quem gosta desses estilos é uma boa pedida! Ainda não o li, mas confio no Junino, rs.

l> Light My Fire - the doors

No momento: apimentando

Corpo x Corpo

mãos percorrem o corpo que está
próximo
exploram tudo o que podem
gemidos, arrepios

corpos invadidos
entrelaçados
suados

gozo
paz
fim


------

é, eu tbm tenho um lado erótico, rs.

blurgh!

------

l> five to one - the doors

No momento: querendo o jim morrison!

quarta-feira, junho 29, 2005

Divagando..

End

E de repente ela se viu ali, sozinha.
Olhou para os lados e viu apenas a xícara vazia.
Ele nem se deu ao trabalho de lavá-la (humpf!).
Maíra levantou-se, enxugou as lágrimas
e foi em direção à porta.
Saiu, trancou o apartamento e
deixou as chaves com o porteiro.
Não tinha a menor idéia de quando voltaria.

****

Estou com um grave problema, rs. Tudo o q penso em pôr no papel tem a ver com esquecimento. Será que estou perdendo a memória?!

E Cadelion, cmo vc pediu...cá estou com um novo textículo. Mas não gostei muito desse, vou ver se escrevo uns melhorzinhos! Esse foi do nada, tive a inspiração no meu banho (anh?! esquisito?! tbm achei), rs.

l>the horizon has been defeated - jack johnson

No momento: com fome!

segunda-feira, junho 27, 2005

Kriptonita

O abrir e fechar mecânico das portas, repetido há mais de 20 anos, hoje a fez pensar em algo. Após o girar da maçaneta e o empurrão da porta, surgia uma mulher.
Era "tão bonita de se de admirar". Tinha seus olhos, suas mãos, e o jeito de sorrir que há exatamente 20 anos atrás ela costumava usar. Instigava como podiam se parecer tanto e se conhecer tão pouco.
Se esforçasse a memória que o tempo já vinha querendo afetar mais bruscamente, poderia voltar para a época em que sorria como essa mulher que surgia da porta o faz, e se lembrar de um bebê, com aqueles olhos que agora nem se preocupavam em passar por ela, pousado em seus braços.
Com o abrir e fechar mecânico das portas, com o rodar dos ponteiros do relógio, com a sucessão dia-e-noite, noite-e-dia, a sua criança cresceu. Antes tão frágil, agora já parecia tão auto-suficiente que seria vergonhoso chegar até ela e perguntar se estava tudo bem.
Era sua filha antes de tudo, mas eram estranhas para si próprias, e isso era gritante. Quantas vezes já teria essa sua criança chorado o medo do escuro, à noite, e quantas vezes sua moça já teria chorado o medo de enfrentar as pessoas, o mundo?
Ela não sabia dizer. Sabia contar quantas eram as suas despesas no colégio, qual era o horário de sua aula de inglês, quanto havia custado sua última viagem com aquele rapaz - qual era o nome mesmo? - que ela chamava de namorado. Mas o que de fato acontecia no interior daquela pessoa, isso ela não sabia dizer.
Tentou chegar perto e tocar seu ombro, mas sem perceber, sua filha se esquivou para o outro lado para buscar sua bolsa deixada sobre a mesa, e com a naturalidade de quem está sozinha em casa, chegou até a porta e ganhou a rua.
"Eu também não saberia o que dizer, de qualquer forma.", pensou.
Ainda cogitou entrar no quarto da garota e tentar descobrir quando é que ela havia se tornado tão mulher, e onde é que se escondia o abismo que as separavam. Mas os objetos pareciam por demais inanimados, logo incapazes de contar alguma coisa.
Ao virar-se para sair do quarto, encontrou-se com seu reflexo no espelho. Tocou o canto externo dos olhos e percebeu que a pele ali se enrugava sutilmente. Os cabelos também já possuíam uns fios brancos. Ficou alguns minutos a examinar seu rosto, e percebeu que talvez já fosse tarde demais.
Então, com a sensação de quem perde sem ter lutado, apagou a luz e deixou o quarto.


[Qualquer semelhança com o clipe de Kriptonita do Ludov não é mera coincidência.]

domingo, junho 26, 2005

Maiakóvski

Então, fui tentar entrar no site do Maiakovski pelo link q publiquei aqui, mas não deu certo. Se não der certo com vcs tbm, acessem:

http://geocities.yahoo.com.br/edterranova/maiapoesias.htm

***

uma poesia dele para os que não conhecem:

COMUMENTE É ASSIM

Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos

se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.

l>burn one down - ben harper

No momento: de óculos.

Fernando Pessoa

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa, 1931.

**essa poesia tem td a ver com o meu post sobre o esquecimento.
**e ah! postei um site com poesias do maiakovki e outro com poesias do pessoa.

l>i call your name - mamas and papas

No momento: mordendo os lábios.

sábado, junho 25, 2005

a.m.o.r = subst. masc.

p
h
a
r
m
a
k
o
n
o amor é pharmakon.
h
e
r
o
í
n
a
o amor é heroína.

l> fake plastic trees - radiohead

No momento: com frio.

quinta-feira, junho 23, 2005

Pimenta pensando...

às vezes a gente pára, pensa
e olha ao redor
depois abaixa a cabeça
e esquece de tudo.

l> i heard it through the grapevine - creedence
No momento: de pijama

terça-feira, junho 21, 2005

correçao...

Bem, meus caros...

O link logo abaixo da figura postada no texto "olhando à janela" estava incorreto, fiz questao de corrigir e informá-los da da troca, pois realmente vale muito a pena explorar a obra deste artista...

Abraços,

T.

A grande guerra entre mim e eu mesmo...

Cada vez mais acho que toda a informação que acumulei ao longo desses anos só serviu pra me confundir, que cada vez que encontro uma resposta outras dezenas de perguntas surgem, me bloqueando, me angustiando, me perturbando.

De tempos em tempos sou infectado por uma espécie de vírus, contra o qual ainda não sou imune. Não sei ao certo de que vírus é esse, mas sei que pouco a pouco ele toma conta da minha mente, afetando todo o meu organismo e me guiando em direçao ao colapso. Também não há como saber quando vou realmente sucumbir, mas o medo que tenho do tal colapso me faz correr desesperadamente, procurando maneiras de amenizar os sintomas que me enfraquecem pouco a pouco. Alguns desses sintomas residentes da mente desaparecem com repouso, mas a passividade me inquieta, então descarto o repouso e opto por me debater com os tais. O debate é incessante, estressante, e, como todo debate entre adversários fortes, com bons argumentos, e no qual nenhum dos lados cede, os ânimos vão se exaltando e o debate se torna combate.

Notas :

Mas a minha fraqueza está no fato de que eu não sei ao certo o que foi que aconteceu para surgir tal sintoma, sei que o que o desencadeou foi o tal vírus, mas os diversos processos decorrentes da minha infecção são obtusos, obscuros, turvos. Sei também que trata-se de um duelo entre mim e eu mesmo, sendo que de qualquer maneira sairei vencedor da batalha, mas sairei derrotado também, desgastado.

domingo, junho 19, 2005

Arnaldo Jabor

AMOR VEM ANTES E SEXO VEM DEPOIS, OU NÃO


Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei. Sexo é invasão. O amor é uma construção do desejo. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre com tesão. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno - depende da quantidade ingerida. O sexo vem antes. O amor vem depois. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo sonha com proibições; não há fantasias permitidas. O amor é o desejo de atingir a plenitude. Sexo é a vontade de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade - nunca é totalmente satisfatório. O sexo pode ser, dependendo da posição adotada. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos. O amor é mais narcisista, mesmo na entrega, na 'doação'. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo do egoísmo. Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do 'outro'. O sexo, mesmo solitário, precisa de uma 'mãozinha'. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até na maior solidão e na saudade. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora. O amor vem de nós. O sexo vem dos outros. 'O sexo é uma selva de epilépticos' (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a moral. O sexo inventou a moral também, mas do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um cowboy - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: ' Faça amor, não faça a guerra.' Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta, sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas. O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as 'saunas relax for men'. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século 12 e, depois, relançado pelo cinema americano da moral cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria da sacanagem. O mercado programa nossas fantasias. Não há 'saunas relax' para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor virou um estímulo para o sexo. O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa 'grandeza'. O sexo é mais embaixo. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há 'sexo seguro', mas não há camisinha para o amor. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo é a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo é o sonho dos casados. Amor precisa do medo, do desassossego. Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente na perda. O grande sexo sente-se na tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda - ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta."

E, por aí, vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos fazer esquecer a morte. Ou não; sei lá... E-mails de quem souber para a redação.

Arnaldo Jabor - Caderno 2 (O Estado de São Paulo)_ 23/09/03

sábado, junho 18, 2005

P v

a a

l r

s a

nada mais excitante do que palavras

no céu da boca

surradas no ouvido


angustiadas

desejáveis


palavras falam tudo ou nada

falam nada ou tudo

mas,

falam.


l>águas de março - tom e elis


No momento: com sede..

sexta-feira, junho 17, 2005

Desejos insensatos (?!)

querendo suavizar peles,
acalmar corações,
falar baixinho

sentir, viver, pensar,
estar
no canto do seu olho esquerdo.

l>roadhouse blues - the doors

No momento: boca de queijo

quinta-feira, junho 16, 2005

Pimenta falando...

Eu + meu quarto...

Nossa! Não aguento mais olhar pra cara da Maria (escultura de uma mulher na minha parede) e nem fumar 300 cigarros feito uma louca em frente ao computador (detalhe que estou acendendo mais um)..rs.
blurg!


--------------

l>alive - pearl jam

No momento: fumando

Olhando à janela

Bem,

Como predisse nosso caro amigo Bolha... desculpe... Mané, posto aqui um 'testículo' caça elogios que fiz para um trabalho academico, mas que tem sua poesia... Espero que seja inspirador... É meio grandinho, mas deixa de ser preguiçoso (a)! Ce num tá fazendo nada mesmo, senao nao estaria lendo blog! HEHE



“Say it with flowers” é o nome desta obra do artista britânico Banksy (www.banksy.co.uk).

Ao invés de um coquetel molotov, arma caseira utilizada por guerrilheiros em conflitos urbanos, flores. Qual será a intenção dessa imagem?

Talvez seja uma expressão do novo ativismo, que utiliza da poesia para subverter valores, que tenta resgatar a afetividade na contemporaneidade. O egoísmo reina num mundo onde a sobrevivência é resultado de uma relação de troca meramente orgânica. Mas sempre haverá os insatisfeitos, aqueles que ainda não se cegaram diante dos outdoors e dos discursos esvaziados da política convencional. Estes ainda lutam por novas opções, alternativas, tentativas de resgate da liberdade que lhes foi roubada.

As metrópoles são o espaço onde os signos do pragmatismo tomam forma, resultando na melancolia social, na apatia. O mercado é o grande legislador e mentor da modernidade. A cidade reflete a mentalidade difundida por essa sede de lucro.

Mas essa conjuntura não acaba com a possibilidade de se estabelecer uma relação com as coisas e com as pessoas de forma distinta da que nos parece imposta.

Existe aí um tipo de corrida de velocidade entre a consciência coletiva humana, instinto de sobrevivência da humanidade e um horizonte de catástrofe e de fim do mundo humanos dentro de alguns decênios! Perspectiva que torna nossa época ao mesmo tempo aterorizadora e apaixonante, já que fatores ético-políticos adquirem aí uma relevância que, ao longo da história, anteriormente jamais tiveram.

Guattari, Félix. Restauração da Cidade Subjetiva

Parece que há uma convergência de idéias entre os autores que refletem sobre as questões da contemporaneidade. Há um sentimento de angústia diante da configuração da sociedade, mas a forma apontada para que uma nova relação se estabeleça intra-socialmente está longe de ser de uma forma revolucionária.

Primeiro, a revolução até hoje não nos levou à concretização desse sonho. A visão ganha vida no momento do levante - mas assim que a “revolução” triunfa e o Estado retorna, o sonho e o ideal já estão traídos. Não deixo de ter esperança, nem deixo de ansiar por mudanças - mas desconfio da palavra revolução. Em segundo lugar, mesmo se substituirmos a abordagem revolucionária pelo conceito de levante transformando-se espontaneamente numa cultura anarquista, a nossa situação histórica específica não é propícia para tarefa tão vasta, Absolutamente nada, alem de um martírio inútil, poderia resultar de um confronto direto com o Estado terminal, esta megacorporação/Estado de informações, o império do Espetáculo e da simulação.

Bey, Hakim – TAZ (Zona Autônoma Temporária)

Neste ponto retornamos à figura que ilustra o início deste texto. O confronto direto perdeu seu sentido na medida em que inúmeras são as forças que conspiram contra aqueles que anseiam por transformação.

Hakim Bey criou o conceito de TAZ (sigla em inglês que designa Zona Autônoma Temporária). “Estamos nós, que vivemos no presente, condenados a nunca experimentar a autonomia, nunca pisarmos, nem que seja por um momento sequer, num pedaço de terra governado apenas pela liberdade?”, questiona ele nas primeiras páginas de seu livro que traz o conceito de TAZ.

As TAZ são o buraco no sistema, são a arte de burlar as regras impostas, a hierarquia vigente, aos mecanismos de controle limitadores da liberdade individual e coletiva. Como o próprio autor diz:

A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a simulação e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo “ocupar” essas áreas e realizar os seus propósitos festivos.

Idem

Portanto, as TAZ são uma forma de experimentação social através da qual idéias novas são colocadas em conflito com as já estabelecidas, na esperança de semear uma vontade geral de mudança.

A experimentação social visa espécies particulares de “atratores estranhos’, comparáveis aos da física dos processos caóticos. Uma ordem objetiva “mutante”pode nascer do caos atual de nossas cidades e também uma nova poesia, uma nova arte de viver. Essa “lógica do caos” pede que se examinem bem as situações em sua singularidade.

Guattari, Félix. Restauração da Cidade Subjetiva

É uma tarefa difícil de ser realizada essa constante experimentação social, nem todos tem talento ou sentem-se à vontade para expressar essa “arte de viver”, mas no fundo é o que muitos anseiam secretamente. Há uma espécie de energia potencial libertadora dentro de cada um de nós, mas que precisa ser descoberta antes de ser estimulada por nós mesmos ou por terceiros. O prazer que algumas pessoas extraem da experiência cotidiana pode ser um sinal de que essa tal energia potencial esteja se transformando em felicidade.

O famoso arquiteto Bernard Tschumi aponta caminhos para estabelecermos uma relação de afetividade com a cidade:

“As grandes cidades são favoráveis à distração que chamamos de deriva. A deriva é uma técnica do andar sem rumo. Ela se mistura à influência do cenário. Todas as casas são belas. A arquitetura deve se tornar apaixonante. Nós não saberíamos considerar tipos de construção menores. O novo urbanismo é inseparável das transformações econômicas e sociais felizmente inevitáveis. É possível se pensar que as reinvidicações revolucionárias de uma época correspondem à idéia que essa época tem da felicidade. A valorização dos lazeres não é uma brincadeira. Nós insistimos que é preciso se inventar novos jogos”.

O ponto de vista desse arquiteto é convergente com o pensamento situacionista, crítica anticapitalista surgida na década de 60 cujo expoente foi Guy Debord, que retrata a subjetividade perdida na cidade ao apresentar em seu livro “Introdução a uma crítica da geografia urbana” o conceito de psicogeografia:

“A brusca mudança de ambiência numa rua, numa distância de poucos metros; a divisão patente de uma cidade em zonas de climas psíquicos definidos; a linha de maior declive - sem relação com o desnível - que devem seguir os passeios a esmo; o aspecto atraente ou repulsivo de certos lugares; tudo isso parece deixado de lado. Pelo menos, nunca é percebido como dependente de causas que podem ser esclarecidas por uma análise mais profunda, e das quais se pode tirar partido. As pessoas sabem que existem bairros tristes e bairros agradáveis. Mas estão em geral convencidos de que as ruas elegantes dão um sentimento de satisfação e que as ruas pobres são deprimentes, sem levar em conta nenhum outro fator”.

O comportamento cultural está cada vez menos associado com o espaço geográfico. As cidades não fogem essa regra. Apesar da cidade ser um espaço geográfico regido por uma burocracia comum a maioria da população, isso não implica de modo algum em uma homogeneização cultural. O mundo contemporâneo conta com diversos mecanismos que contribuem no caminho inverso, o da desfragmentação cultural. As novas tecnologias, os meios de comunicação em massa, a violência urbana, a disparidade econômica entre seus habitantes, tudo isso leva a população das cidades a isolar-se em pequenos grupos de pessoas com interesses similares. A individualidade vem cada vez mais cedendo lugar ao individualismo. A cidade já não é mais o lugar onde pessoas se encontram no centro, como um fórum de discussão das questões comuns, pois estas questões comuns são cada vez mais raras. Muitos nem sequer tem qualquer relação com o centro da cidade. Quando o centro perde seu sentido para muitos, parece ser um sinal claro da perda do sentido da cidade.



Começo.

A proposta de começar a escrever qualquer coisa tenta ao ponto de se tornar inquietante. É assim comigo, e eu duvido que seja diferente com qualquer outra pessoa que goste de construir frases, parágrafos, textos, o que seja.
Mas o meu problema todo vem depois da vontade. Ainda que mil idéias fervilhem aqui dentro, pegá-las e transformar cada uma em algo um pouco significativo é problema. Porque as malditas me escapam, como se dissessem que não querem - não mesmo! - se deixar prender numa folha de papel, ou, atualmente falando, numa tela de um computador.

Por vezes eu me rendo a elas e me vejo exausta diante do branco [seja da folha de papel, do word, ou da tela do computador.] Mas em alguns casos, não sei se por bondade das idéias ou insistência minha, eu consigo algum resultado, que me agrada por certo tempo, até que depois de lido e relido, se junta a outros sob o título de "medíocre".

Vamos ver... vamos ver o que eu consigo fazer por aqui. Que as idéias não me resistam e que meu senso crítico seja bonzinho ao ponto de manter minhas palavras longe de suas [muitas] farpas por algum tempo.

[Ouvindo Iggy Pop & Kate Pierson - Candy (coisa meiga, meu Deus.)]

quarta-feira, junho 15, 2005

Blá blá blá...

Bom, em primeiro lugar a sr.Pimenta gostaria de agradecer às pessoas (The Crente, MF, Cahue, Braúlio e Cadelão) que vieram a sua casa nessa tarde de quarta-feira. Foi um prazer incomensurável recebê-los em minha residência e o macarrão estava só um pouco adocicado e apimentado (é..tem como fazer essa mistura), mas td bem!!!rs.

---------

vestidos rasgados
palavras fechadas
g
o
t
a
d`
à
g
u
a
.
.
.
SiLêNcIo.

---------

Frustrações, decepções e euforias

Tenho grandes frustrações e decepções.
Tenho grandes euforias. Amo e odeio apaixonadamente.
Uma vida intensa, difícil, saborosa! Acho a vida uma grande aventura.
Espero que os idiotas me compreendam.


Samuel Rawet

---------

l>have you ever seen the rain - creedence

No momento: com o cabelo molhado.

terça-feira, junho 14, 2005

Fritando..

uaaahhhhhhhhhuuuuu!!!!
gritinhos da madrugada...
se bem q esse é um "gritão"!rs.

--------

pessoas, que fritação! São 03h09 e a mr. Pimenta tá sem sono...isso q dá ficar dormindo de dia!!rs
e o q tem de bom pra fazer? Ficar convidando o povo pras comunidades q criei no orkut e lendo poesias no site do "Provocações" http://tvcultura.com.br/provoca... eeeee vidinha mais ou menos!

Poderia ter pelo menos alguém online no msn, mas nem isso! ):

--------


CEGO

Cego de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno, os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedra.

Um dia, achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total.

Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.

Silas Corrêa Leite


l>freshman - verve pipe

No momento: coçando o olho direito


segunda-feira, junho 13, 2005

Thiago de Melo

ARTIGOS

Artigo Primeiro
Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo Segundo
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo Terceiro
Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo Quarto
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único
O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo Quinto
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo Sexto
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo Sétimo
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo Oitavo
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo Nono
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo Décimo
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único
Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo Décimo Primeiro
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso e das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964 dedicado a Carlos Heitor Cony

Thiago de Melo

Enviada pela Leila

Nem um nem outro

O bem e o mal
Céus e infernos
Deus e Lúcifer
São só histórias pra entreter

São contrários e tão irmãos
A luz azul que acalma; a chama vermelha que incendeia
Fascínio tão semelhante
A atitude pura involuntária, o ódio cego e os estilhaços
O inconsciente, aquilo que não se pode controlar
O Diabo tem o garfo do inferno, enquanto Deus tem o trono celestial
Todos tem poder

Eles são réplicas dos desejos e anseios humanos
Nós os criamos
Para nos aliviar e nos satisfazer

Porque precisamos de respostas
Não importa de onde elas venham
Não importa que elas sejam uma anedota

Precisamos saber que caminho seguir
Pois somos incapazes de criar o próprio caminho
Precisamos de livros com princípios e preceitos
Porque nossas mentes não conseguem descobrir a trilha

Nós acreditamos na verdade que eles ensinam
Sem notar que existem várias verdades
Nós recebemos as hóstias e sacrificamos os cordeiros
Seguimos os rituais sagrados e místicos, sem saber o porquê

Não venha me dizer que acha um absurdo!
Me explique o que nem você pode entender
Eu olho pro rosto que não me diz nada
Você tem nas mãos um livro de páginas rasgadas
Catedrais feitas por homens
Mentiras são feitas por homens

Não deito a cabeça no colo de Deus
Nem trepo com o Diabo

Deve ser porque eu detesto os extremos

domingo, junho 12, 2005

Me apresentando à comunidade Suco Velas e Poesia...

Nao sou o genro que sua mae sonhou pra você, mas...

CAD

talvez por nos preocuparmos com o que a maioria das pessoas nunca ouviu falar. Por tentarmos nao aceitar tudo o que vemos, procurando maneiras diferentes... a cada dia fico mais distante. Meus ideais nao parecem tao claros. Ironizando tudo ao meu redor. Tentando nao demonstrar minhas fraquezas e constantemente questionando nossas açoes, imaginando se faremos diferença, se tudo o que fizemos foi superficial ou simplesmente algo passageiro. As coisas eram mais faceis quando eu tinha certeza de que tudo o que fazíamos era o que julgava ser certo... quando eu achava que estava realmente sendo útil antes de perceber que era tudo pra mim mesmo. Eu nao sei se este era o caminho, mas eu tentei enxergar as coisas por uma perspectiva diferente...

apimentando...

então, cá estou para explicar a proposta deste blog...
se bem que o objetivo aqui é não ter proposta
isso porque neste blog pode ser publicado o que
der na telha

sem restrições
sem censura

venha fazer sexo com as palavras.

seja bem-vindo (a)!

l>mentiras - adriana calcanhoto

Now: com creme no rosto

Pessoa

Não tenha nada nas mãos

Não tenhas nada nas mãos
nem uma memória na alma,
que quando te puserem
nas mãos o óbolo último,
ao abrirem-te as mãos nada te cairá.

Que trono te querem dar
que átropos to não tire?
Que louros que não fanem
nos arbítrios de minos?
Que horas que te não tornem
da estatura da sombra.

Que serás quando fores
na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol.
Abdica
e sê rei de ti próprio.

Fernando Pessoa

sábado, junho 11, 2005

Apresentando

Pimenta; 19 aninhos;
ardida; intensa; apaixonada;
projeto de jornalista;
qse caloura "b";
com gostinho de morango.

**detalhe: pimenta transgênica.